Acessibilidade digital e as diretrizes WCAG que padronizam os conteúdos na Web
O conceito de acessibilidade digital remete à eliminação de barreiras na Web, pressupondo que os sites e portais sejam planejados de modo a permitir que todas as pessoas possam navegar, entender e interagir com facilidade, usufruindo de todas as informações contidas nas páginas.
Esse é um assunto de extrema relevância, já que as diversas barreiras presentes em sítios eletrônicos atingem, especialmente, as pessoas com deficiência. Isso porque, ao utilizarem a Web e seus recursos, elas esbarram em obstáculos que dificultam e até impossibilitam o acesso ao conteúdo dos sites.
Neste artigo, vamos abordar a necessidade de repensar a acessibilidade digital, os benefícios que isso pode trazer às empresas e à sociedade, bem como as mais recentes alterações das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG). Continue a leitura para saber mais!
A necessidade de repensar a acessibilidade digital
No Brasil, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE, aproximadamente, 45 milhões de pessoas apresentam algum grau de deficiência. Isso corresponde a 23,9% da população brasileira com dificuldades de acessar e entender o que é divulgado na internet.
Tal contexto exige novas posturas, aplicação de ferramentas voltadas à solução do problema e disponibilização de tecnologias emergentes a todos.
Os benefícios da acessibilidade digital
A acessibilidade digital promove inúmeros benefícios, tanto para as organizações quanto para a sociedade. Nesse sentido, é fundamental estar atento às novas possibilidades de melhorias, aproveitando ao máximo as inovações tecnológicas. A seguir, veja as principais vantagens que podem ser obtidas.
Para as empresas públicas e privadas
A Web acessível proporciona uma janela de oportunidade para as empresas reavaliarem as suas estratégias de comunicação digital, implementarem inovações e obterem diversos benefícios, como:
- agilidade e facilidade na manutenção do site;
- ampliação e diversificação do público;
- aumento de compatibilidade — com plataformas, sistemas e navegadores;
- cumprimento de um importante papel social — promovendo uma efetiva transformação;
- auxilio na geração de leads;
- inovação nos conteúdos — comunicação colaborativa, moderna e empática, agregando valor à empresa e fortalecendo a marca;
- maior visibilidade em buscadores — o código do site se torna mais organizado e auxilia os robôs, como o do Google, a localizarem mais facilmente os conteúdos;
- melhor interação com o seu público — aumenta as possibilidades de fidelização;
- melhor performance e usabilidade das redes — cria uma vantagem competitiva.
- site acessível — mais simples e amigável, facilidade de navegar e carregamento mais rápido.
Para a sociedade
A acessibilidade é benéfica a todos, principalmente para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, além de leigos no uso do computador, idosos, e analfabetos funcionais, que apresentam dificuldades para interpretar textos.
A falta de acessibilidade atinge essas parcelas da população, que perdem autonomia e precisam contar com a boa vontade de outros para a execução de tarefas essenciais e simples. Mas quando um site é acessível, os benefícios são enormes.
A seguir, listamos os diversos tipos de limitações e as atividades que as pessoas conseguem realizar em um ambiente digital acessível:
- cegueira — com a utilização de programas para leitura de tela no computador é possível navegar facilmente pelos sites, acionar botões por meio de comandos do teclado, preencher formulários e acessar informações apresentadas por imagens, por meio de textos alternativos;
- baixa visão – percepção de contrastes, identificação de cliques, hiperlinks, localização de botões e aumento do tamanho das letras;
- deficiência auditiva ou surdez — acesso às informações em áudio e vídeo, com legendas e traduções em libras (língua brasileira de sinais);
- deficiência intelectual — ajuste da velocidade das animações e acesso a conteúdos em textos, vídeo e áudio para o aprimoramento da aprendizagem;
- deficiência motora e mobilidade reduzida — com o auxílio de um teclado, é possível acessar os conteúdos, navegar com facilidade nos menus, serviços, formulários e informações;
- indivíduos com pouca experiência no ambiente digital — possibilidade de aprender e utilizar serviços básicos para a sua rotina e encontrar rapidamente todas as informações necessárias;
- problemas de conexão com a internet — sites acessíveis permitem acesso fácil e navegação com excelente desempenho;
- daltonismo — conseguem localizar as informações, já que as cores são transmitidas de outras formas;
- terceira idade — os idosos conseguem localizar as informações devido a um bom contraste, tamanho de textos, baixa complexidade das interações e boa navegabilidade.
As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG)
O WCAG 2.0 se refere à segunda versão do documento de acessibilidade projetado pelo W3C, o Consórcio World Wide Web. A primeira, publicada em 1999, foi reformulada em 2008, tornando-se o modelo WCAG que conhecemos hoje, e define os parâmetros que os sites devem seguir em seus conteúdos digitais, como:
- clareza — informações claras, de fácil entendimento e perceptíveis;
- funcionalidade — a navegação e os componentes da interface do usuário devem ser funcionais;
- robustez — o conteúdo precisa ser robusto para ser interpretado de maneira confiável por diversos tipos de usuários, incluindo tecnologias assistivas.
Essas diretrizes passaram por atualizações ao longo do tempo. A sua última versão, a WCAG 2.1, foi lançada em 2018. Uma nova atualização (WCAG 2.2) programada para ser publicada em novembro de 2020, foi adiada para 2021, devido à pandemia da Covid-19.
Nesse sentido, é preciso que as equipes de tecnologia das empresas se preparem para as mudanças necessárias. De acordo com o W3C, a atualização oferece suporte adicional para pessoas com dificuldades de aprendizagem, deficiências cognitivas, usuários com deficiência em dispositivos móveis e com baixa visão.
A versão WCAG 2.2
A WCAG 2.2, ainda se encontra com o status W3C Editor’s Draft, que corresponde à base de construção e ajustes do documento. É importante observar que, nessa nova versão, nada foi desfeito ou retirado. Apenas foram acrescidos critérios à versão anterior.
Assim, ela deve ser entendida como uma continuação da WCAG 2.1, com o objetivo de melhorar a orientação de acessibilidade em relação aos grupos de pessoas com deficiências, mencionados anteriormente. As alterações que ainda estão em discussão e podem sofrer modificações incluem oito novos critérios de sucesso, como:
- aparência em relação ao foco — o indicador de foco deve se destacar do fundo de acordo com orientações;
- pontos de referências fixos — número de páginas correspondentes às versões impressas;
- movimento de arrastar — devem permitir a operação por toques ou cliques;
- espaçamento do alvo do ponteiro — alvos interativos precisam ocupar ao menos 44 × 44 pixels CSS de espaço;
- ajuda localizável;
- controles ocultos — os relevantes devem permanecer visíveis ou desaparecer somente quando receberem um foco ou zoom out;
- autenticação acessível;
- inserção redundante — preenchimento automático ou por seleção.
Como vimos, a acessibilidade digital está diretamente ligada à eliminação de barreiras na Web e traduz benefícios tanto para as empresas quanto para a sociedade. Nesse sentido, é preciso manter uma gerência de TI proativa para implementar as mudanças necessárias em atendimento às Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web, de acordo com as recentes alterações.
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