Educação híbrida: apenas uma mudança emergencial ou um novo modelo educacional?
Diante das evoluções tecnológicas que se concretizam progressivamente e cada vez mais presentes no cotidiano dos diversos setores da sociedade, é de se esperar que essas modificações estendam-se também à área de educação.
Embora a Educação a Distância (EaD) já seja um assunto em voga há bastante tempo, é possível testemunharmos esse tipo de educação afetando o modelo pedagógico presencial tradicional, trazendo diversas dúvidas sobre os caminhos que serão tomados após essas últimas transformações.
Pensando nisso, trazemos para você este conteúdo abordando tudo sobre a educação híbrida, buscando um detalhamento sobre como essa modalidade virou tendência durante a pandemia da COVID-19, mas que, aparentemente, se manterá no chamado “novo normal”.
O que é educação híbrida?
O conceito de educação híbrida é caracterizado pela utilização de soluções combinadas ou mistas entre as modalidades presencial e EaD. Utiliza de recursos tecnológicos para uma abordagem pedagógica diferenciada devido às necessidades latentes advindas das últimas modificações tecnológicas e seus impactos sociais.
A combinação entre os aspectos do online e do presencial pode ser benéfica a todos os envolvidos se bem aplicada, como mostraremos no decorrer de nosso conteúdo. Com ela é possível que as exigências contemporâneas entre a aprendizagem da comunicação e as tecnologias da informação sejam integradas de forma orgânica.
O ponto forte desse modelo é a potencialização da aprendizagem pelo aluno por meio de recursos tecnológicos que se fazem facilitadores, diante o uso de estratégias estimulantes para o aluno, que trabalha dentro de um aspecto mais próximo de seu cotidiano, colocando-o, dessa forma, nas melhores práticas pedagógicas estudadas atualmente.
Além disso, dá ao aluno a dinamicidade requerida por um aprendizado no mundo moderno, dando a possibilidade de gerenciamento de seu próprio tempo, espaço e ritmo.
O uso desse modelo educacional se fez muito presente nos últimos anos por conta dos problemas causados pela pandemia do Coronavírus e tem cada vez mais ocupado espaço nas escolas e centros educacionais não apenas do Brasil, mas do mundo todo.
A educação híbrida tem alguns modelos trabalhados a depender da escolha pedagógica realizada pelos educadores e cada uma delas pode facilitar a prática do professor na sala de aula de maneiras diversas.
Para deixar mais claro, trazemos uma lista de alguns desses modelos possíveis, descrevendo detalhes para que a escolha de um (ou mais) deles possa se dar de maneira consciente e de maneira adequada aos recursos disponíveis.
Sala de Aula Invertida
No modelo pedagógico convencional, temos o professor como centro da sala de aula, como o grande detentor de conhecimentos. Na Sala de Aula Invertida, o papel do professor fica em segundo plano. Isso porque a posição entre aluno e professor acaba se invertendo.
Isso não quer dizer que o professor será “educado” pelo aluno, bem longe disso. Nesse modelo de educação híbrida a figura do educador se aproxima mais de um orientador e supervisor dos processos pedagógicos, sendo um mediador dos processos de aprendizagem e temas abordados.
Explicando de maneira mais detalhada, em uma Sala De Aula Invertida os alunos precisam pesquisar sobre determinado assunto e levar os conhecimentos adquiridos no decorrer das pesquisas para a sala de aula — é exatamente o inverso do que acontece com a lição de casa.
Na sala de aula os conhecimentos de todos são expostos e discutidos contribuindo para um aprimoramento da comunicação dos alunos entre seus colegas e, por consequência, com a sociedade que o circunda.
O uso de tecnologias nas salas de aula favorecem em muito esse tipo de didática, pois possibilita comunicação instantânea entre os envolvidos de qualquer lugar e acesso a um número quase infinito de informações que estão disponíveis na Internet.
Rotação por estações
Esse modelo pedagógico híbrido é caracterizado por um aprendizado colaborativo em que o tema é dividido em estações, cada uma independente entre si e uma delas com a obrigatoriedade de ser online — podendo ter estações offline.
Cada estação aborda uma forma diferente de abordagem do conteúdo da aula — visual, leitura, escrita, auditivo e o que mais for possível para o tema em questão.
Como cada aluno começa por uma estação específica, é impossível seguir um mesmo caminho para aquele aprendizado. O professor, por sua vez, tem a sua atuação resumida a um mediador, buscando auxiliar aqueles com maiores dificuldades de compreensão da proposta.
Flex
É o mais comum e mais simples de ser adotado. Esse modelo de ensino híbrido consiste na utilização de uma plataforma pelos alunos e professores, no qual ele media e tutora os alunos por meio de recursos online.
As atividades podem variar entre afazeres individuais e coletivos, buscando sempre a motivação do aluno para o aprendizado e auxiliando-o na organização de seus estudos.
Laboratório Rotacional
O Laboratório Rotacional funciona com a divisão da sala de aula em dois grupos de alunos. Cada um desses grupos são orientados a realizarem atividades diferentes sobre um mesmo tema.
No ensino híbrido esse modelo acaba adequando-se muito bem para as práticas pedagógicas, devido às possibilidades de aplicação dos mais diversos tipos de atividades educacionais.
O fato de que cada grupo esteja atrelado a uma atividade, corrobora o desenvolvimento de diferentes tipos de ideias que posteriormente poderão ser discutidas com todo o grupo de forma mais crítica do que os modelos convencionais de ensino.
Virtual aprimorado
Nesse modelo pedagógico de ensino híbrido, o aluno é monitorado pela escola, tendo que comparecer presencialmente cerca de uma ou duas vezes por semana. As atividades e disciplinas principais são realizadas online e a participação presencial dos alunos resume-se à participação em projetos ou rodas de conversas — assim como discussões de temas previamente escolhidos pelos docentes.
À la carte
Entre todos os modelos, talvez esse seja o mais dinâmico. Isso porque a trilha de aprendizado é toda escolhida pelo aluno, que tem a possibilidade de avaliar a importância das disciplinas para ele de acordo com seus interesses.
O modelo pode variar tanto com o modo online, que também dá ao estudante o poder de escolher o local e hora de estudo, quanto ao modo convencional, com aulas sendo ministradas nos locais físicos das escolas.
Esse modelo vem sendo utilizado majoritariamente em universidades da Europa e os Estados Unidos já há bastante tempo e estão sendo ainda mais considerados diante das necessidades provenientes da pandemia.
Quais os benefícios da metodologia de educação híbrida?
O uso de metodologias de educação híbrida tem seus pontos benéficos principalmente na capacidade de personalização do ensino. Isso porque o aluno fica mais livre para aprender, no tempo que escolher e no lugar que mais gosta.
Além disso, ele desenvolve autonomia e capacidade de pesquisa aprimorada, a partir de uma aprendizagem mais flexível, dando ao aluno uma maior motivação para realização de seus afazeres escolares. Isso sem dúvidas colabora com resultados melhores e maior capacidade crítica de análise dos elementos da sociedade presentes em sua volta.
A ampliação dos horizontes pedagógicos é um dos pontos centrais capazes de mostrar as vantagens trazidas a partir da adoção do ensino híbrido, pois permite ao aluno um aprendizado mais completo e contundente ao seu modo de vida, trazendo as práticas pedagógicas para fora do contexto escolar.
Isso permite um aprendizado contínuo por parte do aluno e totalmente conectado a sua realidade presenciada durante seu dia a dia. O uso da tecnologia na sala de aula permite um acompanhamento do alunado como nunca foi possível, pois com ela somos capazes de mapear os progressos dos alunos, suas dificuldades principais e prever alguns caminhos a serem percorridos para sanar os problemas quando eles aparecem.
Outra característica bastante positiva é a possibilidade de uma organização horizontal nas mais diversas formas possíveis, além da extrema facilidade de compartilhamento de informações, ideias, publicações e tudo o mais que possa interferir na prática pedagógica.
Com a combinação dos diferentes ambientes e recursos presentes atualmente, o ensino híbrido consegue conciliar organização e flexibilidade, se realizado de maneira inteligente e integrada com as novas capacidades adquiridas através dessas modificações contemporâneas.
Qual a diferença entre o ensino híbrido e o remoto?
No ensino remoto as aulas ocorrem online, mas são ao vivo — chamadas aulas síncronas. Basicamente é a mesma dinâmica do ensino presencial, mas aplicada de maneira remota e online. Tinham como foco apenas substituir as aulas para não comprometer o calendário letivo.
O modelo de educação remota foi o recurso pedagógico mais adotado no Brasil durante o caráter emergencial dado pela pandemia. Em questões pedagógicas, esse modelo não difere muito do ensino convencional, pois o professor ainda ocupa o lugar do “detentor do conhecimento” e os alunos estão ali apenas para “absorver” esse entendimento.
Já no ensino híbrido as aulas podem ser tanto expositivas quanto interativas. Majoritariamente ocorrem por meio de aulas gravadas sem interação entre os participantes, com alguns encontros realizados presencialmente.
Com esse modelo, ao contrário do ensino remoto, o professor tem o papel de intermediador do conhecimento, buscando estimular seus alunos a pesquisarem de maneira autônoma para produzirem o conhecimento.
Com isso, o caráter de personalização e colaboratividade dos aspectos pedagógicos são potencializados dando um foco muito maior na construção do saber, do que comparado aos modelos tradicionais de ensino.
Qual o papel da tecnologia no ensino híbrido?
Sem o uso das tecnologias atuais o ensino híbrido simplesmente não existiria — não ao menos como o conhecemos hoje. Isso porque a comunicação instantânea, o acesso a infindáveis informações em tempo real, compartilhamento de dados e interdisciplinaridade proporcionada pela tecnologia é o ponto central que possibilita essa categoria de ensino.
Além disso, os recursos tecnológicos proporcionam vastas possibilidades de utilização pelos alunos, professores e instituições, que, se usadas com criatividade, rompem com o tradicional modelo pedagógico com uma dinâmica mais horizontal e atrelada mais à autonomia do aluno, dando-lhe maior independência necessária em um mundo repleto de cursos online e que se modifica constantemente.
Essas modificações exigem das pessoas que se atualizem conforme se implementam os novos aparatos e são, em sua maioria, tecnológicas. Ou seja, na convivência na sociedade ou no mercado de trabalho, o aprendizado autônomo será cada vez mais valorizado e a tecnologia providencia isso de uma maneira maravilhosa e bastante completa.
Quais tecnologias são aplicadas no ensino a distância?
Existem uma série de tecnologias, algumas são novidades e outras nem tanto assim. Para você ficar por dentro dessas novidades, trazemos algumas delas, com seus detalhes e aplicações possíveis no ensino a distância.
Videoaulas
Bastante conhecido pelos brasileiros, essa tecnologia é muito usada desde os primórdios da Internet. Podem ser muito interessantes, ainda mais quando são capazes de combinar a didática do professor a recursos audiovisuais que sejam interessantes ao público-alvo da aula em questão.
Bibliotecas Virtuais
O acesso a recursos bibliográficos nunca foi tão amplo quanto agora. Isso acontece devido a imensa utilização da tecnologia para o aprendizado. Os acervos online existem para que possam complementar a aprendizagem dos alunos, disponibilizando um número quase infinito de títulos acessíveis na palma da mão.
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
São plataformas que oferecem os mais variados recursos e componentes para organização e disponibilização de aulas virtuais. Esses ambientes podem conter áudios, livros eletrônicos, aulas gravadas, textos e tudo mais que um professor precise para ministrar o conteúdo de uma aula.
Os alunos que têm acesso a esses ambientes também podem encontrar uma imensa variedade de recursos que possibilitam o acesso aos materiais para seu aprendizado, seja a qualquer hora ou em qualquer lugar.
O futuro do ensino híbrido
Como vimos no decorrer de nosso artigo, podemos concluir que a educação híbrida e as tecnologias atreladas à pedagogia vieram para ficar e já estão sendo otimizadas a cada passo que dão.
Embora o uso de muitos desses recursos foram utilizados de forma emergencial por conta dos problemas da pandemia, uma imensa parte deles se mostrou muito útil para os problemas que precisamos resolver no cotidiano de uma sala de aula.
A pandemia, portanto, acabou por acelerar algo que provavelmente já ocorreria em um futuro bastante próximo, dando novas possibilidades para a educação e melhores oportunidades para os alunos estarem mais próximos de suas realidades, ocasionando em um melhor e mais contundente aprendizado.
Se você gostou de saber mais sobre as principais práticas de educação híbrida cada vez mais utilizadas e seus detalhes? Então, compartilhe agora mesmo este artigo em suas redes sociais e ajude seus amigos a entenderem mais sobre o assunto!